Mônica Vermelha

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quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Saudade de uma outra Marina Silva



Houve um tempo em que eu era fã da Marina Silva, era um tempo áureo em que ela era aliada de Chico Mendes e não de Ronaldo Caiado ou Bornhausen. Fico aqui pensando com os meus botões: será que a decepção de Marina com o Lula e o PT é maior do que a minha decepção com ela? Quando ela resolveu sair do PT, me veio uma dúvida violenta, fiquei sem saber o que pensar

pois não vi nenhuma explicação razoável e convincente da parte do PT para a saída dela e por algum tempo fiquei achando que deixar a Marina ir embora ou até mesmo provocar a saída dela tinha sido um grande erro... Mas aí a Marina começou a falar bobagens e a fazer alianças espúrias, que bom que ela saiu, já foi tarde.

Há controvérsias, se disse ou não disse, mas se ela disse aquela bobagem sobre o Lula e a Dilma serem chavistas, então ela desbandeirou de vez, pois eu achei que a Marina tinha sido chavista também, vejam só que inocência a minha, houve um tempo em que ela esteve ao lado dos seringueiros, dos ambientalistas, dos trabalhadores, da justiça, da igualdade, da solidariedade... ou será que não? Será que a Marina ignora o que as sucessivas eleições de Chávez representaram para o povo venezuelano? Será que, tal como qualquer comentarista do rol dos mais reacionários, ela condena Chávez e o chavismo por ter rompido com a submissão histórica do povo venezuelano aos desígnios quase satânicos de uma elite entreguista, ignorante, subserviente e desconectada do mundo real?

Marina iniciou sua carreira política participando de movimentos de resistência e lutando pela preservação da floresta Amazônica. Tinha ideias progressistas e uma prática coerente, por isso tornou-se uma liderança respeitada. Será que a nossa ex-grande senadora esqueceu mesmo TODOS os seus antigos companheiros, aqueles dos tempos em que ela lutava contra o grande capital, contra o latifúndio, contra a destruição das florestas, contra a desigualdade, contra a injustiça..? Será que considera, agora, simplesmente que eles estão todos e totalmente errados? Será que naquela cabecinha “tresvairada” dança o pensamento de que antigamente ela estava errada e agora ela está certa? Por falar nisso, a Marina já pediu perdão ao povo brasileiro por todas as vezes que ela concordou, lutou e votou junto com o maior de todos vilões, o Partido dos Trabalhadores?

Bons tempos aqueles! Ah, mas as coisas mudaram, as pessoas mudaram, tudo mudou desde então, é, parece que a única que não mudou muito fui eu e sei lá se isso é tão bom assim! O PT e o Lula e a Dilma, em nome da governabilidade, fizeram acordos e alianças com políticos e partidos totalmente questionáveis, para dizer o mínimo, mas, pelo menos, eles podem argumentar que foi em nome da governabilidade e em prol de vários avanços sociais inquestionáveis. Eu não acho que isso justifica tudo, algumas concessões e alianças continuam sendo um espinho atravessado bem no meio da minha garganta, mas alguém que se diz de esquerda, que critica veementemente as concessões petistas e que pretende ser diferente ou fazer a diferença na política se aliar a “coisas”, mais espúrias ainda, e sem a desculpa da governabilidade, aí pega mal, né? É o suprassumo da incoerência, do oportunismo, da fragilidade programática, do conservadorismo!

A única coisa boa que a Marina tem é o seu passado, sua história, mas isso ela está jogando no lixo, aparentemente sem remorsos; num movimento que aparenta ser marcado apenas pelo ressentimento, pela ignorância, pelo oportunismo, pela fome de poder a qualquer preço... tão igual ao que temos de pior... Lamentável!

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