Mônica Vermelha

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quinta-feira, 4 de abril de 2013

Cristo, você ensinou isto?????

Sensatez, equilíbrio e racionalidade não são características muito fortes da minha personalidade; sou um ser movido pela paixão, quando acredito em algo, dedico-me de corpo e alma, entrego-me completamente e defendo-o quase que cegamente. Por isso, eu mesma sinto um certo estranhamento ao me ver, de repente, achando que essas “qualidades” precisam ser incentivadas e que um pouco disso faria muito bem à nossa sociedade e ao nosso tempo.
Estou, junto com milhões de outras pessoas, preocupada com os “valores” que têm predominado e sido disseminados no mundo de hoje. Vivemos num tempo em que a violência, o egoísmo, a indiferença, o individualismo, o preconceito, a intolerância estão sendo “naturalizados”, isso tem provocado a indignação de muitas pessoas de bem e isso é muito bom, não podemos aceitar silenciosamente que a barbárie seja naturalizada.

Por outro lado, esse “estado de coisas” tem também despertado um sentimento de descrença em relação à própria humanidade e, consequentemente, reações extremamente autoritárias, violentas, raivosas, desmedidas e irracionais da parte de algumas pessoas, reações na linha do “olho por olho, dente por dente”, da violência institucionalizada, do moralismo; de uma rigidez absurda, anti-democrática e irracional. Estou falando de pessoas “boas” e “cristãs”, supostamente esclarecidas, que andam por aí defendendo a pena de morte, a prisão de crianças e adolescentes, a volta da ditadura, a esculhambação de todo e qualquer político, o sepultamento da ideia de direitos humanos, o degredo dos homossexuais e outras aberrações. Ora, a rebeldia, a indignação, o inconformismo, a denúncia são muito bem-vindos, não acho que devamos permanecer passivos diante da brutalidade, da superficialidade e da desonestidade, porém não creio que a saída seja descambar para o conservadorismo, o moralismo e o autoritarismo. Há que se ter um meio termo, uma “saída” alternativa que seja mais racional, democrática, justa, humana, coerente... 

Minimizar o horror que foi a ditadura, por exemplo, é demonstração de ignorância, de insensibilidade e de um extremismo conservador e leviano. Advogar que preso não deve ter direito, ou que crianças e adolescentes devem ser punidos como se adultos fossem, ou que a violência deve ser combatida com mais violência, é demonstração de ignorância, é eximir-se de sua parcela de responsabilidade na sociedade que temos e é se julgar melhor que os outros, ao, simplesmente, atirar a primeira pedra, esquecendo-se que não somos deuses, nem bichos, mas meros humanos. Mas, por falar em primeira pedra, tem me incomodado especialmente a intolerância, o preconceito, o autoritarismo e o conservadorismo de alguns “cristãos”; fico aqui me perguntando, qual Cristo terá ensinado aos mesmos a intolerância, o preconceito e a virulência? Qual Cristo terá ensinado a estes "cristãos" a falta de amor e de respeito ao próximo? Em que momento e com que mestre aprenderam a arrogância; a julgar e a condenar as pessoas, a se achar melhor que os outros “irmãos”? Onde será que esses cristãos esconderam os ensinamentos de Cristo sobre o amor, a caridade, a humildade e a justiça??? Em qual pedaço do caminho deixaram escorrer por entre os dedos, e acabaram pisando em cima da mansidão, do repeito, do perdão, da humildade, do amor que deveriam praticar? 

São perguntas que ficam aqui martelando a minha mente. O Cristo a que fui apresentada não deve ser o mesmo que eles “aceitaram” e que os leva a semear por aí, sem pudor, o ódio, a violência, o preconceito, a prepotência! Que Deus nos livre para sempre dessa arrogância, dessa falta de amor, desse pecado sem perdão!

Certa feita fui apresentada a um certo Jesus Cristo, com ele aprendi que deveríamos pautar a nossa vida pelo amor, pela justiça, pelo perdão, pela solidariedade, pelo respeito, pela consciência de que somos todos irmãos, igualmente marcados pela graça e pelo pecado. Honestamente? Não sou fã do cristo vociferado pelos que se julgam salvos e no direito de sair por aí atirando pedras e condenando as pessoas que são, pensam ou agem de forma diferente, mas não prejudicam ninguém.

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