Há alguns
meses apareceu na internet, via orkut, a professora Amanda Gurgel. Vinda do Rio
Grande do Norte, aquela professora, conseguiu graças ao seu discurso franco,
honesto e absolutamente real mostrar ao país inteiro a verdadeira situação da
educação no Brasil.
Os elogios vieram de todas as partes, inclusive dos seus
opositores, finalmente, alguém usava uma estratégia inteligente para mostrar ao
Brasil inteiro o que estava e ainda está acontecendo na educação brasileira; e
o mais triste é exatamente isso: nas escolas tudo continua exatamente do mesmo
jeito, é como se Amanda Gurgel nunca tivesse existido, nunca tivesse desnudado
toda a injustiça que se comete contra os professores neste país.
Eu já fui professora da educação
básica. Há uns treze anos atrás e por apenas um ano e meio. Dava poucas aulas e
trabalhava numa escola municipal em Belo Horizonte. Acabei saindo para lecionar
no ensino superior que, oferecia um retorno financeiro melhor. Como professora
da educação básica pública é só essa a minha experiência, mas eu também sou
funcionária da Secretaria Estadual de Educação de Minas Gerais, e nessa
condição, muitas vezes eu conversei, eu debati, eu tentei contribuir para que a
educação ali aonde eu estava pudesse ser melhor; contribui inclusive, fazendo
greve junto com os professores da rede estadual de Minas Gerais. Até que um dia
eu desisti, eu resolvi que não queria mais participar da enganação promovida
pelo governo estadual, da qual o governo federal também participa. Sim, é uma
enganação, a educação no Brasil é feita para dar errado e para culpabilizar os
professores. É certo que existem muitos professores ruins, picaretas, maus
profissionais; mas a imensa maioria dos professores deste país é apenas vítima
passiva, consciente ou revoltada do teatro perverso e de mau gosto que é a
educação brasileira. Na escola, normalmente falta tudo, mas isso não seria tão
grave se não faltasse principalmente seriedade, competência e um mínimo de
senso da parte daqueles que pensam e que ditam as regras na educação. No reino
da educação, os mesmos erros são cometidos há duzentos ou trezentos anos, os
nomes mudam, mas a prática não pode mudar, tudo é proibido e o diálogo,
ah! o diálogo ainda não foi apresentado à educação de Minas Gerais. É verdade
que, de vez em quando, acontecem reuniões, seminários, congressos,
conferências; mas nestes uns falam, outros escutam; quem devia ouvir, faz-se de
surdo; quem devia falar é censurado ou desiste diante da surdez institucional.
É triste, na verdade é deprimente, mas se as coisas continuarem do jeito que
elas têm sido nos últimos vinte anos, a educação neste país não vai melhorar
nunca. Vai apenas continuar servindo a alguns propósitos básicos: produzir
analfabetos totais e funcionais, estatísticas animadoras para serem exibidas
nos meios de comunicação social e professores doentes, frustrados e
completamente acomodados. Sei não, talvez este país precise de uma
anti-anestesia, parece que estamos todos dopados! PS. Acabei misturando Minas e
o Brasil, não foi por acaso não, é que, pelo que já ouvi de inúmeros
companheiros, nos outros Estados, as coisas não são diferentes. Aliás, para
muitos o Estado de Minas Gerais é posto como modelo. Parece piada, mas não é.
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