Mônica Vermelha

Pesquisar este blog

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Chuvas, enchentes e assassinatos.


Minha tão querida Minas Gerais está sendo maltratada! Pela natureza? Não, por prefeitos e outros gestores públicos absolutamente irresponsáveis. A destruição, a morte, os prejuízos campeiam por toda parte, enquanto isso, as verbas que deveriam ter sido usadas em obras preventivas são devolvidas aos órgãos que as disponibilizaram.
É isso que diz o jornal Estado de Minas de ontem (05/01/12) em sua manchete de capa; diz também que Pernambuco foi beneficiado com mais verbas por ser o estado natal do ministro responsável.
É natural nesse tipo de imprensa esse enfoque, mas eu fico cá pensando com meus botões: será mais triste receber menos verba que outro estado - certamente mais pobre que o nosso - ou devolver o que recebemos por absoluta incompetência, inércia e irresponsabilidade? É incrível (no sentido literal de impossível acreditar) que os responsáveis não tenham feito nada antes das tragédias tão repetidamente anunciadas, é lamentável, para dizer o mínimo, que os nossos gestores só consigam agir depois que a sua inércia se materializa em destruição de vidas inocentes e de patrimônios tão penosamente conseguidos - alguns móveis, uma casa, uma loja, um carro.
Eu já trabalhei no serviço público - e talvez volte a trabalhar agora - conheço muitos servidores que, ao contrário do que dizem as boas e más línguas, são competentes, comprometidos e super responsáveis. Lembro-me da profunda indignação e do sentimento que nos tomava - a nós, meros funcionários - quando vasava a informação de que recursos seriam devolvidos. Era exasperante saber que milhões de coisas precisavam e podiam ser feitas, mas não seriam por causa da inépcia e da irresponsabilidade dos que tinham o poder de decisão. No nosso caso, as consequências da omissão eram também dramáticas, mas não significavam, pelo menos não diretamente, colocar em risco a vida de pessoas inocentes. Ao que tudo indica: "tudo continua como dantes, no quartel de Abrantes".
Vem-me à memória o pensamento de Dostoievski: "Decididamente não compreendo porque é mais glorioso bombardear de projéteis uma cidade do que assassinar alguém a machadadas." Estou definitivamente convencida de que a irresponsabilidade política dos nossos governantes é um crime hediondo e como tal deveria ser inafiançável, imprescritível e imperdoável. Nessas horas, também, é preciso pensar politicamente, é preciso lembrar que somos eleitores e que ainda que não acreditemos, temos a obrigação moral e cidadã de tentar mudar ou melhorar esse estado de coisas. A ação política é a única arma que temos para neutralizar os políticos omissos, incompetentes, irresponsáveis e corruptos.

Nenhum comentário: