Minha tão
querida Minas Gerais está sendo maltratada! Pela natureza? Não, por prefeitos e
outros gestores públicos absolutamente irresponsáveis. A destruição, a morte,
os prejuízos campeiam por toda parte, enquanto isso, as verbas que deveriam ter
sido usadas em obras preventivas são devolvidas aos órgãos que as disponibilizaram.
É isso que diz o jornal Estado de Minas de ontem (05/01/12) em sua manchete de
capa; diz também que Pernambuco foi beneficiado com mais verbas por ser o
estado natal do ministro responsável.
É natural
nesse tipo de imprensa esse enfoque, mas eu fico cá pensando com meus botões:
será mais triste receber menos verba que outro estado - certamente mais pobre
que o nosso - ou devolver o que recebemos por absoluta incompetência, inércia e
irresponsabilidade? É incrível (no sentido literal de impossível acreditar) que
os responsáveis não tenham feito nada antes das tragédias tão repetidamente anunciadas,
é lamentável, para dizer o mínimo, que os nossos gestores só consigam agir
depois que a sua inércia se materializa em destruição de vidas inocentes e de
patrimônios tão penosamente conseguidos - alguns móveis, uma casa, uma loja, um
carro.
Eu já trabalhei
no serviço público - e talvez volte a trabalhar agora - conheço muitos
servidores que, ao contrário do que dizem as boas e más línguas, são
competentes, comprometidos e super responsáveis. Lembro-me da profunda
indignação e do sentimento que nos tomava - a nós, meros funcionários - quando
vasava a informação de que recursos seriam devolvidos. Era exasperante saber
que milhões de coisas precisavam e podiam ser feitas, mas não seriam por causa
da inépcia e da irresponsabilidade dos que tinham o poder de decisão. No nosso
caso, as consequências da omissão eram também dramáticas, mas não significavam,
pelo menos não diretamente, colocar em risco a vida de pessoas inocentes. Ao
que tudo indica: "tudo continua como dantes, no quartel de Abrantes".
Vem-me à memória o pensamento de
Dostoievski: "Decididamente não compreendo porque é mais glorioso
bombardear de projéteis uma cidade do que assassinar alguém a machadadas."
Estou definitivamente convencida de que a irresponsabilidade política dos nossos
governantes é um crime hediondo e como tal deveria ser inafiançável,
imprescritível e imperdoável. Nessas horas, também, é preciso pensar
politicamente, é preciso lembrar que somos eleitores e que ainda que não
acreditemos, temos a obrigação moral e cidadã de tentar mudar ou melhorar esse
estado de coisas. A ação política é a única arma que temos para neutralizar os
políticos omissos, incompetentes, irresponsáveis e corruptos.
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